sábado, 26 de fevereiro de 2011

♥ Mafalda Vilhena: “Sou um bocadinho dramática”

morangos com açúcar Mafalda VilhenaAos 37 anos, a actriz Mafalda Vilhena saboreia a experiência de voltar a contracenar com os novos talentos em ‘Morangos com Açúcar’. Mas os seus olhos brilham quando fala do marido e das duas filhas, revelando-se uma mulher para quem a família é tudo…
- Integra o elenco da série ‘Morangos com Açúcar’ (TVI). Como tem sido esta experiência?
- Tem estado a correr bem, tranquilo. A experiência tem sido óptima. Eu também não tenho problemas em fazer estes produtos infanto-juvenis, como a ‘Floribella’. Sei que são projectos diferentes, mas a ‘Floribella’, a ‘Rebelde Way’ e os ‘Morangos’ são produtos jovens e mais leves.
- Na série, tem oportunidade de contracenar com novos talentos. Como é o contacto com os mais jovens?
- Muito giro. Para já, é estranho, porque eles, com cerca de 18 anos, chamam-me ‘senhora’. Fico possuída, mas até percebo. No outro dia estávamos em estúdio a trabalhar e o meu colega Élvio, o professor de Matemática, disse-me: “Tens de pensar que quando fazias a ‘Floribella’ – que foi há seis anos –, estes miúdos tinham 12…” Eram crianças a ver a bruxa na ‘Floribella’. Depois aparece a Mafalda fisicamente. De facto, aceito que me chamem a ‘senhora Mafalda’.
- Neste encontro de gerações, acabam por lhe pedir conselhos?
- Falamos muito mas não numa base de conselhos.
- Como está a saborear esta professora de teatro?
- Acho divertido, sobretudo quando gravo no auditório. Sinto sempre uma adrenalina maior. Estou mais exposta e acabo mesmo por ser eu, Mafalda, e não a personagem ‘Alexandra’ a dar uma aula. Como o texto é feito com base nos exercícios de teatro – muitos deles vivi-os e fi-los –, eles estão todos com muita atenção. Por vezes, até se esquecem de falar.
- Pôde dar mais de si e da sua experiência nesta personagem?
- Mais de mim no sentido em que é uma coisa que já vivi, porque já dei aulas e tenho formação em teatro. Além disso, o director de actores, João Pedreiro, deu-me permissão para poder alterar algum exercício, o que já aconteceu.
- Antes dos ‘Morangos’, participou em ‘Maternidade’, série da RTP…
- Foi apenas no último episódio. Se as pessoas estiverem com atenção – fica aqui a dica – estou com umas grandes maminhas. Estava grávida de cinco meses.
- Qual o balanço que faz da sua carreira?
- Falar em carreira arrepia-me um bocadinho. Mas, à nossa maneira, tem sido tranquila. Tive alguns altos e baixos, mas sinceramente não me posso queixar.
- Numa altura em que toda a gente fala da crise, da falta de convites…
- Um actor pode estar sempre a criar, mas se não é visto há qualquer coisa que falha. Parece que deixamos de acreditar em nós. Portanto, quando estou algum tempo parada, começo a ficar ansiosa, a achar que ninguém me quer ou que fui preterida. Mas, em verdade, não me posso queixar, tenho de agradecer os trajectos – chamemos-lhes assim – que me têm aparecido. Agora há desafios que eu gostaria que aparecessem mais e outros não, mas a vida não é feita daquilo que nós gostaríamos ou que nós quiséssemos.
- A sua participação nos ‘Morangos’ termina em Março. Tem já algum projecto na forja?
- Não, mas dêem-me aí uns 15 dias para apanhar sol…

- Como tem visto esta mudança de actores, sobretudo da SIC para a TVI? Fez mexer o mercado?
- Ainda não deu para perceber bem, mas eu acho uma grande confusão a questão da exclusividade, porque o meio é tão pequeno. Percebo que convém agarrar algumas figuras. Vamos ver que mais-valias é que os canais conseguiram apanhar.
- Seria confortável ter exclusividade?
- Acredito que sim, mas temporariamente. Tenho a sensação, não querendo ser injusta, de que depois há alturas em que poderemos ficar mais preguiçosos ou com menos estímulos. Há uma cumplicidade tão grande que acabamos por ficar nas zonas mais confortáveis. Tenho esse medo. Acredito em exclusividade, sim, durante dois ou três anos, até por uma segurança e também por evolução. Mas depois é preciso respirar e seguir outros caminhos.
- Entretanto, a nível pessoal, no último ano foi mãe pela segunda vez.
- Eu costumo dizer que, sempre que estou desempregada, engravido. Agora não posso dizer mais isso.
- Agora é tudo a dobrar?
- É maravilhoso, mas de uma violência… É indescritível, a não ser para quem tenha muitas ajudas, o que não é o caso. Tenho a ama da bebé, que me faz as manhãs até às 16h00. A partir daí, a minha vida pára, a minha e a do Pepê [Rapazote]. Não há mesmo hipótese.
- Sendo os dois actores, com uma vida profissional atribulada, com gravações intensas, tem sido fácil conciliar os vossos horários?
- Temos de conseguir, com ginásticas. Eu gravo quase sempre aos sábados, o Pepê não. À sexta-feira à noite, é fazer cozinhados, preparar e arrumar tudo. Claro que, ao sábado, quando chego a casa, está tudo destruído. Não posso ter as meninas limpas, com o banhinho tomado, lindas a brincar com o pai e a casa toda arrumada. Mas quando estou muito aflita, ligo à minha mãe para ir buscar a Júlia ou peço à ama para ficar mais horas.
- E no meio disso tudo há tempo para namorar com o seu marido?
- Encontramo-nos lá para as 23h00. Já não é nada mau.
- Têm por hábito trocar opiniões profissionais ou ver os trabalhos um do outro?
- Claro que sim.
- O Pepê é muito crítico nas suas avaliações?
- Na verdade, somos muito comedidos. Já estamos juntos há dez anos, conhecemos os nossos defeitos e as nossas qualidades enquanto pessoas. Enquanto actores, há aquelas manhas: às vezes ele vê uma cena minha e diz ‘fizeste bem, mas não estavas muito concentrada’… Também tenho grandes amigos meus que, quando vêem, notam…
- O facto de se conhecerem muito bem é o que faz funcionar a vossa relação, o segredo?
- Eu acredito que será em todos os casais. Basicamente, o respeito. Estamos juntos há dez anos e casados há nove e desde os cinco anos de casados que nos perguntam ‘qual é o segredo?’ Que estranho… Estamos no século XXI, os meus pais estão casados há 44 anos, a minha irmã há 18. Continuo a achar estranha esta pergunta… O segredo é as pessoas gostarem uma da outra, escolherem-se para estarem juntas e acreditarem que vão estar assim muitos anos. Depois, se as coisas correrem mal, esperemos que não… Até costumo dizer por brincadeira: tenho duas cesarianas, tenho aqui a cicatriz pequenina, portanto não me apetece nada andar a arranjar namorados novos com uma cicatriz de cesariana. Quem me fez a cicatriz que se aguente com ela. Digo isto por brincadeira.
- A Júlia está quase a fazer seis anos. Durante cinco anos, ela teve os pais só para ela. Como reagiu ao nascimento da Leonor?
- Não tivemos grandes problemas, à excepção de que desde os cinco meses que ela dormia na cama dela e quando a irmã nasceu começou a vir para a nossa cama a partir da uma da manhã.
- Como são as manas?
- A mais velha está sempre a chorar, e a mais nova está sempre a bater-lhe e a morder-lhe. Normalmente, as pessoas acham que é ao contrário… Mas não. Depois, têm muito mimo. Mas eu também sou muito mãe-galinha e a Júlia anda sempre comigo, portanto é natural. Há uns meses, criei uma combinação, da qual já me arrependi. Combinei com a Júlia que, enquanto a mana não dissesse as palavras todas, sempre que ela a magoasse seria eu a pedir desculpa. Mas são tantas as vezes que ela a magoa que eu própria já tenho orgulho, já não me apetece pedir desculpa. Os pequeninos são bastante mais enérgicos.
- E enquanto mãe, este período de cinco anos mudou alguma coisa em si?
- A segunda gravidez foi mais tranquila. Eu não estava ansiosa, estava mais nervosa. Sou um bocadinho dramática e achava que as pessoas iam pensar que eu ia estar grávida durante três anos e que ia deixar de ter convites, mesmo para teatro. O que eu senti e pensei, muitas colegas minhas também sentiram. A pessoa sente que nos esquecem. Foi mais nesse sentido, esse nervoso que eu tive, foi mais em relação ao trabalho do que em relação ao próprio bebé. Claro que da primeira vez eu nunca tinha tido contacto com bebés. De repente, estar 24 horas a dar de mamar e a mudar fraldas foi violento. A segunda vez é mais prática, relaxada.
- Como se define enquanto mulher?
- Não faço a mínima ideia. Sou muito exigente, a todos os níveis. Pareço uma panela de pressão. Sou eléctrica, por isso é que quando estou algum tempo parada começo a pensar que não presto para nada. Tenho de perceber que sou assim. Sou tão veloz e tão rápida que, depois, quando paro, não consigo.
- A sua filha mais velha já vê os seus trabalhos?
- Claro que sim… Adora, acha graça, diz que eu não sei dançar, é uma tristeza. Ela foi ver umas gravações de parte de um espectáculo dos ‘Morangos’ e disse-me: ‘Mãe, tu és a única que não sabe dançar’.
- E o teatro?
- Agora foi um bocadinho preterido. No primeiro ano da Leonor, seria impensável. Depois apareceu este projecto televisivo, o qual eu não poderia recusar. Vamos ver daqui a um ano. Mas isso é uma coisa que eu e o Pepê combinámos: não podemos fazer teatro ao mesmo tempo. Mas já passou, o primeiro ano da bebé é que é sempre pior.

INTIMIDADES

- Quem gostaria de convidar para um jantar a dois?
- O meu marido, Pepê Rapazote.
- Não consigo resistir a…
- A um pacote de batatas fritas. E é só de uma marca. A sério, acho que é o grande pecado. Adoro batatas fritas de pacote, mas depois só como grelhados. Sou magrinha em parte pela minha genética, mas eu como muito, alimentos bons e saudáveis. Mas não resisto às batatas fritas e não consigo comer três ou quatro, tem de ser o pacote inteiro.
- Se pudesse, o que mudava em si, no corpo e no feitio?
- No feitio, era um bocadinho menos panela de pressão, punha-me assim a menos 20 por cento. No corpo, não alterava nada, não preciso, sou tão gira [risos].
- Sinto-me melhor quando…
- Quando apanho sol e isso não é tostar. Tenho cuidado com a minha pele. Mas sinto-me bem com a luz do sol, gosto de estar numa esplanada a ler um livro.
- O que não suporta no sexo oposto?
- Ser o sexo oposto…
- Qual é o seu pequeno crime diário?
- As batatas fritas, não há dúvida.
- O que seria capaz de fazer por amor?
- Não sei, mas acho que por amor as pessoas fazem coisas muito idiotas. Eu, como tenho noção do ridículo e sentido muito crítico, espero nunca ser ridícula…
- Complete. A minha vida é…
- Maravilhosa.
PERFIL
Mafalda Vilhena nasceu em Lisboa a 24 de Abril de 1973. A actriz é casada com o actor Pepê Rapazote, de quem tem duas filhas: Júlia, de cinco anos, e Leonor de 14 meses. Actualmente, faz parte dos ‘Morangos’. Participou em novelas como ‘Roseira Brava’ e em séries como ‘Capitão Roby’‘Floribella’.

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